quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Escolas não devem adotar tablet só porque é moda, conclui debate!



O tablet não deve ser usado por escolas só porque `é moda`. Para que o aparelho entre em sala de aula, é preciso antes desenvolver um projeto pedagógico para seu uso e preparar o professor.
Essa foi uma das sugestões do debate `Tablet na Infância - Educação e Entretenimento`, realizado no dia 08 de outubro, no Teatro Folha, em São Paulo. O encontro, promovido pela `Folhinha`, teve parceria do Instituto Ayrton Senna e foi acompanhado por 190 pessoas, a maioria professores e pais. Durou quase três horas e foi caloroso, com embate entre ideias opostas e manifestação da plateia.

`Se a escola pede tablet no material escolar, o ideal é que tenha um plano pedagógico. Se não sabe como será usado, recomendo que o pai não compre. E mais: eu tiraria meu filho de uma escola assim`, disse Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, ONG que trabalha com segurança na internet.

Outro alerta é que o tablet não tenha acesso 3G e funcione pela rede da escola, o que possibilita um maior controle da navegação do aluno.

O conflito de opiniões entre a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, e Valdemar W. Setzer, professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, mobilizou a plateia.

Setzer foi o único debatedor radicalmente contra o uso de aparelhos eletrônicos e da internet na educação infantil. `Spam existe porque adultos são inocentes e caem. Agora, imagine criança!`, exclamou ele. `Elas são ingênuas e estão sendo usadas para testar tecnologias`, disse.

Para Setzer, as crianças devem ser incentivadas a brincar com produtos não eletrônicos. Jotta discordou do professor em diversas ocasiões -e chegou a ser interpelada por uma espectadora, que defendeu Setzer. `As crianças dão conta de desenhar no tablet, no papel, de conversar com as pessoas ao vivo e no mundo virtual. Se os adultos conseguem educar essas crianças é outro ponto. O descontrole que a gente vê é do adulto`, afirmou Jotta.

Mas todos concordaram em um ponto: a participação ativa dos educadores no desenvolvimento das crianças. `Pais e professores têm que estar perto das crianças. Eu me preocupo mais com isso do que com o uso de tablet e internet`, disse Adriana Martinelli, coordenadora da área de tecnologia e educação do Instituto Ayrton Senna.

Convidada à discussão, a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, não pôde comparecer.
O debate foi mediado pela editora da `Folhinha`, Laura Mattos, e pelo editor do caderno `Tec`, Leonardo Cruz.

Fonte: Laura Mattos - Leonardo Cruz - Folha de São Paulo - 10/10/2012 - São Paulo, SP

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