O tablet não deve ser usado
por escolas só porque `é moda`. Para que o aparelho entre em sala de aula, é
preciso antes desenvolver um projeto pedagógico para seu uso e preparar o
professor.
Essa foi uma das sugestões do
debate `Tablet na Infância - Educação e Entretenimento`, realizado no dia 08 de outubro,
no Teatro Folha, em São Paulo. O encontro, promovido pela `Folhinha`, teve
parceria do Instituto Ayrton Senna e foi acompanhado por 190 pessoas, a maioria
professores e pais. Durou quase três horas e foi caloroso, com embate entre
ideias opostas e manifestação da plateia.
`Se a escola pede tablet no
material escolar, o ideal é que tenha um plano pedagógico. Se não sabe como
será usado, recomendo que o pai não compre. E mais: eu tiraria meu filho de uma
escola assim`, disse Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, ONG que
trabalha com segurança na internet.
Outro alerta é que o tablet
não tenha acesso 3G e funcione pela rede da escola, o que possibilita um maior
controle da navegação do aluno.
O conflito de opiniões entre
a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática
da PUC-SP, e Valdemar W. Setzer, professor do departamento de Ciência da
Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, mobilizou a
plateia.
Setzer foi o único debatedor
radicalmente contra o uso de aparelhos eletrônicos e da internet na educação
infantil. `Spam existe porque adultos são inocentes e caem. Agora, imagine
criança!`, exclamou ele. `Elas são ingênuas e estão sendo usadas para testar
tecnologias`, disse.
Para Setzer, as crianças
devem ser incentivadas a brincar com produtos não eletrônicos. Jotta discordou
do professor em diversas ocasiões -e chegou a ser interpelada por uma
espectadora, que defendeu Setzer. `As crianças dão conta de desenhar no tablet,
no papel, de conversar com as pessoas ao vivo e no mundo virtual. Se os adultos
conseguem educar essas crianças é outro ponto. O descontrole que a gente vê é
do adulto`, afirmou Jotta.
Mas todos concordaram em um
ponto: a participação ativa dos educadores no desenvolvimento das crianças.
`Pais e professores têm que estar perto das crianças. Eu me preocupo mais com
isso do que com o uso de tablet e internet`, disse Adriana Martinelli,
coordenadora da área de tecnologia e educação do Instituto Ayrton Senna.
Convidada à discussão, a
psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, não pôde comparecer.
O debate foi mediado pela
editora da `Folhinha`, Laura Mattos, e pelo editor do caderno `Tec`, Leonardo
Cruz.
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