sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Google: escola precisa incentivar talentos para a tecnologia

Executiva do Google na América Latina, Eve Andersson falou nesta quinta-feira para uma plateia de mais de 1 mil estudantes e professores, em Porto Alegre (RS), sobre as dificuldades de se encontrar talentos para trabalhar no crescente mercado da ciência da computação no mundo. Segundo ela, a escola tem papel fundamental nesse processo, estimulando principalmente as meninas a se envolver com o universo da tecnologia.
 
`Existe uma questão cultural, que verificamos também no Brasil, de que trabalhar com a computação não é coisa para mulher. No nosso escritório em São Paulo temos muita dificuldade de encontrar novos talentos, principalmente mulheres`, afirmou. Para Eve, a família e, principalmente, os professores devem assumir o desafio de mudar esse paradigma.

`As mulheres são fundamentais nesse trabalho colaborativo, e precisam ser incentivadas desde cedo`, afirmou Eve ao Terra após encerrar sua palestra no TEDx, uma conferência independente organizada pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) para discutir novas ideias para a educação.

Segundo Eve, o desenvolvimento econômico do Brasil não vem acompanhado de investimentos para formar novos profissionais para trabalhar nas áreas de tecnologia e engenharia e que esse é um dos maiores desafios do País nos próximos anos. Questionada sobre a formação dos profissionais nas universidades brasileiras, ela preferiu não opinar, já que `não tem conhecimento mais aprofundado` sobre o ensino superior no País.

No entanto, Eve criticou o fato de as universidades, de modo geral no mundo, estarem mais focadas em formar pesquisadores para a academia do que profissionais preparados para o mercado de trabalho. Segundo a executiva, que trabalha como head of publisher and distribuction do Google, é preciso incentivar a formação de um grupo de docentes nas instituições de ensino composto professores `tradicionais` e engenheiros que estão no mercado de trabalho.

Ela ainda alertou para a falta de preparo dos profissionais formados na área da ciêcia da computação. `Eu trabalhava numa empresa anteriormente onde chegamos a propor um prêmio de uma Ferrari para quem conseguisse indicar 10 bons engenheiros de software. Ninguém conseguiu`, lamentou.

De acordo com Eve, a dificuldade de encontrar talentos reside em dois problemas: os profissionais formados na maioria das universidades não estão preparados e, o mais grave, não há número suficiente de pessoas formadas na área de ciência da computação para dar conta do mercado mundial em expansão.

Para solucionar esses problemas, além do incentivo desde cedo para as carreiras da tecnologia, ela disse que é fundamental dispor de currículos mais atraentes e estimular as habilidades de cada jovem. `O professor, desde a escola até a universidade, tem papel fundamental nesse processo`, concluiu Eve.

O TEDxUnisinos acontece até o final da tarde desta quinta-feira, no centro de eventos da Fiergs, em Porto Alegre, e reúne especialistas em educação e pessoas que participaram de experiências exitosas na área.

Fonte: Terra Educação, por Angela Chagas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Brasil fica em penúltimo lugar em ranking global de qualidade de educação


O Brasil ficou em penúltimo lugar em um ranking global de educação que comparou 40 países levando em conta notas de testes e qualidade de professores, dentre outros fatores.
 
A pesquisa foi encomendada à consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), pela Pearson, empresa que fabrica sistemas de aprendizado e vende seus produtos a vários países.

Em primeiro lugar está a Finlândia, seguida da Coreia do Sul e de Hong Kong.

Os 40 países foram divididos em cinco grandes grupos de acordo com os resultados. Ao lado do Brasil, mais seis nações foram incluídas na lista dos piores sistemas de educação do mundo: Turquia, Argentina, Colômbia, Tailândia, México e Indonésia, país do sudeste asiático que figura na última posição.

Os resultados foram compilados a partir de notas de testes efetuados por estudantes desses países entre 2006 e 2010. Além disso, critérios como a quantidade de alunos que ingressam na universidade também foram empregados.

Para Michael Barber, consultor-chefe da Pearson, as nações que figuram no topo da lista valorizam seus professores e colocam em prática uma cultura de boa educação.

Ele diz que no passado muitos países temiam os rankings internacionais de comparação e que alguns líderes se preocupavam mais com o impacto negativo das pesquisas na mídia, deixando de lado a oportunidade de introduzir novas políticas a partir dos resultados.

Dez anos atrás, no entanto, quando pesquisas do tipo começaram a ser divulgadas sistematicamente, esta cultura mudou, avalia Barber.

A Alemanha, por exemplo, se viu muito mais abaixo nos primeiros rankings Pisa [sistema de avaliação europeu] do que esperava. O resultado foi um profundo debate nacional sobre o sistema educacional, sérias análises das falhas e aí políticas novas em resposta aos desafios que foram identificados. Uma década depois, o progresso da Alemanha rumo ao topo dos rankings é visível para todos`.

No ranking da EIU-Person, por exemplo, os alemães figuram em 15º lugar. Em comparação, a Grã-Bretanha fica em 6º, seguida da Holanda, Nova Zelândia, Suíça, Canadá, Irlanda, Dinamarca, Austrália e Polônia.

Cultura e impactos econômicos

Tidas como `super potências` da educação, a Finlândia e a Coreia do Sul lideram o ranking, e na sequência figura uma lista de destaques asiáticos, como Hong Kong, Japão e Cingapura.

Alemanha, Estados Unidos e França estão em grupo intermediário, e Brasil, México e Indonésia integram os mais baixos.

O ranking é baseado em testes efetuados em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas a cada três ou quatro anos, e por isso apresentam um cenário com um atraso estatístico frente à realidade atual.

Mas o objetivo é fornecer uma visão multidimensional do desempenho escolar nessas nações, e criar um banco de dados que a Pearson chama de `Curva do Aprendizado`.

Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira `cultura` nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo. Daí o alto desempenho das nações asiáticas no ranking.

Nesses países o estudo tem um distinto grau de importância na sociedade e as expectativas que os pais têm dos filhos são muito altas.

Comparando a Finlândia e a Coreia do Sul, por exemplo, vê-se enormes diferenças entre os dois países, mas um `valor moral` concedido à educação muito parecido.

O relatório destaca ainda a importância de empregar professores de alta qualidade, a necessidade de encontrar maneiras de recrutá-los e o pagamento de bons salários.

Há ainda menções às consequências econômicas diretas dos sistemas educacionais de alto e baixo desempenho, sobretudo em uma economia globalizada baseada em habilidades profissionais.

Veja como ficou o ranking Pearson-EIU:

1. Finlândia
2. Coreia do Sul
3. Hong Kong
4. Japão
5. Cingapura
6. Grã-Bretanha
7. Holanda
8. Nova Zelândia
9. Suíça
10. Canadá
11. Irlanda
12. Dinamarca
13. Austrália
14. Polônia
15. Alemanha
16. Bélgica
17. Estados Unidos
18. Hungria
19. Eslováquia
20. Rússia
21. Suécia
22. República Tcheca
23. Áustria
24. Itália
25. França
26. Noruega
27. Portugal
28. Espanha
29. Israel
30. Bulgária
31. Grécia
32. Romênia
33. Chile
34. Turquia
35. Argentina
36. Colômbia
37. Tailândia
38. México
39. Brasil
40. Indonésia

Fonte: BBC

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mercadante inicia entrega de tablets para professores do ensino médio

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, entregou 200 tablets aos coordenadores estaduais do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo Integrado) e representantes de 18 universidades federais participantes do programa. Os equipamentos são destinados à capacitação de professores. “Há uma demanda explosiva por educação no Brasil. A desigualdade social está na escola”, disse o ministro em solenidade realizada no dia 20 de novembro, em Brasília.
 
Para Mercadante, começar a capacitação dos tablets pelo professor do ensino médio é estratégico. “Estamos discutindo como melhorar o ensino médio e temos que fortalecer o professor dentro de sala de aula e o melhor caminho é o tablet”, avaliou Mercadante.

Foram licitados pela pasta dois modelos de tablets, um com 7 polegadas (17,78 centímetros) e outro com 9,7 polegadas (24,638 centímetros). As vencedoras foram as empresas brasileiras Positivo e Digibras. Os estados e municípios podem aderir diretamente ao registro de preços, cuja ata terá vigência até junho de 2013.

Para dar início à capacitação pedagógica de professores do ensino médio da rede pública de todo país, o ministério adquiriu 5 mil unidades de tablets para serem utilizados no projeto piloto do Proinfo Integrado. A entrega dos aparelhos nas escolas será realizada em 2013. Os coordenadores do programa farão curso de formação para, em seguida, treinar os multiplicadores, que formarão os professores em cada estado participante.

O modelo de 7 polegadas para distribuição nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste tem um custo aos cofres públicos de R$ 278,90 e, para o Nordeste e Sul, de R$ 276,99. Já o modelo de 9,7 polegadas será adquirido pelos estados pelo valor de R$ 461,99 para o Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste e de R$ 462,49 para Nordeste e Sul. De acordo com o ministro, um tablet de 7 polegadas com as mesmas especificações é vendido no mercado brasileiro por R$ 799, em média.

Segundo Mercadante, com a entrega de novas tecnologias da informação, os professores e as escolas públicas vão poder combinar os equipamentos com as demais mídias. Ele citou o Portal do Professor, onde estão disponíveis cerca de 15 mil aulas criadas por educadores e aprovadas por um comitê editorial do MEC. Além disso, o ministro destacou que todas as obras literárias e livros didáticos adquiridos pela pasta também estão disponíveis no equipamento.

O Ministério da Educação (MEC) transferiu este ano R$ 117 milhões a 24 estados e Distrito Federal para compra de 382.317 tablets, que serão destinados inicialmente a professores de escolas de ensino médio do país.

Mercadante anunciou também que na próxima sexta-feira (23), ministros da Educação dos países do Mercosul vão se reunir em Brasília e lançarão um programa de intercâmbio digital.

Fonte: Heloisa Cristaldo – Agência Brasil

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Rio de Janeiro terá escola integral focada em novas tecnologias

Uma escola onde o aluno será protagonista de sua formação, participando da construção do próprio saber e envolvendo-se nos processos de aprendizagem. É esta a ambição do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (GENTE), escola piloto de tempo integral que começa a ser implementada em 2013 na Rocinha, comunidade da zona sul carioca, pela Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro.
 
A primeira unidade do GENTE terá sede na Escola Municipal André Urani, com capacidade para atender 210 alunos do 7º ao 9º anos. Beatriz Alqueres, gerente de projetos estratégicos da Secretaria explica que os alunos não serão reunidos por ano seriado, mas por competências. “O objetivo não é trabalhar por conteúdo, mas com a construção de habilidades”, diz.

Norteada por um princípio de excelência acadêmica aliada aos projetos de vida dos alunos, a concepção do GENTE partiu de estudos feitos com escolas inovadoras internacionais, onde foi possível observar formas pioneiras nos processos de avaliação, na ambientação interna, na gestão e formação dos docentes.

Itinerários

Ao ingressar no GENTE todos os alunos passarão por uma prova diagnóstica para identificar possíveis deficiências ou níveis diferentes de aprendizagem. Feito o teste, os alunos receberão um itinerário formativo, com foco nas habilidades e competências que desenvolverão durante aquele período e pelas quais avançarão. As avaliações bimestrais serão realizadas por um sistema informatizado, aplicadas no computador, gerando resultados imediatamente.

Cumprida a grade de atividades básicas, o aluno pode escolher, segundo seus interesses, quais atividades eletivas quer realizar, constituindo uma aprendizagem individualizada e personalizada. Entre as disciplinas eletivas, estão “cineclube”, “construção de blogs como portfólio”, “inteligência artifical” – em parceria com a Universidade de Stanford –, “webdesign”, “programação básica” e “os últimos livros de Shakespeare, em inglês” – esta última viabilizada graças a uma parceria com a Universidade de Harvard.

Para proporcionar maior eficácia, as aulas valorizam a transdisciplinaridade, em ambientes amplos e integrados, com projetos desenvolvidos a partir de uma situação problema ou perguntas dos próprios alunos. Os professores são polivalentes, atuando em todos os núcleos do conhecimento. “O professor se torna um arquiteto da aprendizagem do aluno, disponibilizando recursos no itinerário do estudante. Seu papel não será o de transmissor, mas daquele que garante a aprendizagem”, ressalta Beatriz.

Solidários

A ideia é que o professor acompanhe os alunos mais de perto, tornando-se um tutor a partir das motivações identificadas com os ideais e projeto de vida elaborado pelo aluno. O efeito é estratégico. De acordo com Beatriz, “isso aumenta a motivação para se frequentar a escola, a assiduidade, encontrando mais sentido pela aplicação prática dos saberes”.

As novas tecnologias serão empregadas como recursos didáticos para motivar e ampliar o envolvimento dos alunos. Cadernos serão substituídos por tablets e smartphones, e usados tanto por alunos quanto professores.

Outro eixo norteador das atividades são o desenvolvimento das habilidades não cognitivas, tais como a desenvoltura socioemocional, além da criatividade e da colaboração em grupo. “Num projeto como esse, o foco é justamente criar cidadãos mais autônomos, solidários e competentes, capazes de intervir onde vivem com projetos e estratégias criticas e participativas”, ressalta Beatriz.

Rocinha

“A Rocinha é uma região da cidade com carência de escolas ginasiais que atendam do 7º ao 9º ano”, observa Beatriz Alquéres. Com três escolas municipais e um Ciep – Centro Integrado de Educação Pública –, a Rocinha é a região administrativa da cidade que tem a população com menor nível de escolaridade entre todas do município do Rio de Janeiro, segundo estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

De acordo com Beatriz, o local que abrigará o GENTE foi um clube esportivo, recentemente desativado, o que também favoreceu a transformação do espaço em unidade escolar de tempo integral. “Uma área que é dominada por uma milícia do tráfico vai depender de mil outros fatores [para mudar], mas também da formação das pessoas daquele território e da consciência da influência da participação deles na transformação”.
Território de alta vulnerabilidade social, a Rocinha, localizada entre os bairros da Gávea e São Conrado, conta atualmente com 69,3 mil moradores, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No dia 13 de novembro de 2011, numa intervenção integrada entre as forças armadas e as polícias Federal, Civil e Militar, a comunidade viu serem apreendidas armas e drogas, além de terem sido detidos suspeitos e criminosos ligados ao narcotráfico.

Conhecida como “Operação Choque de Paz”, um ano depois a região permanece patrulhada por 700 policiais militares. Embora a ocupação tenha trazido serviços básicos que antes não chegavam à comunidade, como água, luz e coleta de lixo, outras solicitações ainda não foram atendidas, como melhoria no trânsito e tratamento de esgoto.

Fonte: Flávio AquistapacePortal Aprendiz

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"As escolas não estão preparadas para lidar com assuntos de exploração sexual, afirma professora

A garota de 11 anos morava com os pais e três irmãos em uma comunidade litorânea em Natal, Rio Grande do Norte, e viviam com cerca de um salário mínimo, proveniente de programas de transferência de renda. Apesar do pai alcoolista praticar violência física e psicológica contra a família, a menina era boa aluna, tinha o histórico de pontualidade, assiduidade e cumprimento das normas escolares. Mas seu comportamento mudou de repente. Com sucessivos sumiços de casa, faltas na escola e frequentes brigas pelo bairro e na sala de aula, a mãe suspeita que a filha estivesse induzida ao uso de drogas e sofrendo exploração sexual por pessoas da comunidade, traficantes e estrangeiros.
 
“Eu sei que uma criança sofreu algum tipo de violência porque é notável o rendimento escolar dela cair automaticamente, sem exceção”, afirma convicta a professora Juliana Delmonte, que dá aula de quinta série a terceiro ano do ensino médio numa escola estadual no Butantã, em São Paulo. “Essas meninas faltam muito. Ou a escola perde o sentido e elas a abandonam, ou a escola acaba fazendo muito sentido porque é o único ambiente onde elas não são violentadas”.

A professora é conhecida por coordenar o Grupo de Estudos Feministas Gilka Machado, nascido em 2011 numa escola em Interlagos e vencedor do prêmio nacional Construindo a Igualdade de Gênero, do mesmo ano. Divididas em dois grupos de 20 meninas cada, as garotas, vivendo num lugar onde a violência doméstica ou sexual é comum, discutem preconceito contra a mulher no cotidiano, a mulher na mídia e na política, machismo, violência e outros temas similares.

Segundo ela, o quadro é recorrente em classes mais pobres e não há nenhum material que aborde o assunto. “De forma alguma a escola está preparada. Os professores, geralmente quando não se omitem, corresponsabilizam e culpabilizam a vítima. A única ação que podemos fazer quando descobrimos algum caso de violência sexual é denunciar e encaminhar para o Conselho Tutelar, não depende só da instituição de ensino”, explica Delmonte.

Números crescentes

O aumento do número de denúncias é significativo. De janeiro a abril de 2012, o Disque 100 recebeu 34.142 denúncias referentes à violação de direitos humanos contra crianças e adolescentes, representando 71% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde março de 2011, o atendimento do Disque 100 foi ampliado, passando a funcionar todos os dias, 24 horas.

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), de janeiro a setembro de 2012 foram registrados no país 6.637 casos de exploração sexual no Disque 100. Bahia lidera o número de denúncias recebidas, com 643 ligações (11,4% do total). Em seguida, aparecem Rio de Janeiro com 540 denúncias (9,6%), e São Paulo, com 538 (9,5%). Roraima é o Estado com menos denúncias, apenas nove durante o ano. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que, em 2009 no Brasil, 100 mil meninos e meninas são vítimas de exploração sexual.

O caso da adolescente de Natal foi encaminhado e cuidado pelo Centro de Defesa da Criança e Adolescente – CEDECA Casa Renascer, uma organização sem fins lucrativos que atua desde 1991 em Natal, em defesa dos direitos de crianças e de adolescentes em situação de risco pessoal e social, principalmente aquelas violentadas sexualmente. Hoje, a jovem com 16 anos tem um filho, estuda, ajuda a mãe na produção de artesanatos e vive com a família na mesma comunidade de origem.

Porém, de acordo com o relatório do CEDECA, não há comprovação quanto à ressignificação da violência vivenciada por ela, considerando que o consumo de drogas e a exploração sexual só foram encerrados em razão da morte do agressor que aliciava a menina, e não em um processo de garantia do direito dessa adolescente. “Entende-se, portanto, que a violência a que esta adolescente foi exposta reflete a realidade de outras crianças e adolescentes na comunidade necessitando, assim, de ações efetivas por parte do sistema de garantia de direitos considerando a vulnerabilidade instalada”, conclui o documento.

Iniciativas de combate

O governo federal enfrenta essa questão por meio do Programa de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que integra o Programa Avança Brasil. São realizados mais de 30 mil atendimentos anuais por meio das ações desenvolvidas no Programa Sentinela, com a criação de 25 Centros de Referência em 24 municípios no país.

Outra iniciativa federal é o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil, lançado em 2000 e articulado junto à sociedade civil organizada. O trabalho é responsável por estruturar políticas e serviços que garantam os direitos da criança e do adolescente, e possui eixos estratégicos que estabelecem metas, parcerias e prazos a serem cumpridos para reduzir os casos de abuso e exploração sexual e garantir o atendimento de qualidade para as vítimas e a suas famílias.

Criado pelo Conselho Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria), com a contribuição de diversas instituições e profissionais que atuam nesse campo, o Projeto ViraVida atua desde 2008 oferecendo formação profissional e emprego a adolescentes e jovens, vítimas de exploração sexual, abrindo caminhos para uma mudar o enredo de suas vidas. O Programa foi iniciado em quatro capitais e hoje atende 1.238 alunos em 19 cidades. Desde a implantação em 2008 até outubro de 2012, 2.552 adolescentes e jovens haviam sido matriculados no ViraVida. A longo prazo, a perspectiva do SESI é levar o programa a todos os municípios atingidos por redes de exploração sexual.

Em âmbito estadual e presente em 30 municípios de São Paulo, o Projeto Ação Proteção busca articular, sensibilizar e capacitar os participantes do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) para enfrentar a violência sexual. O Projeto é uma iniciativa da Fundação Telefônica em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo e da ONG Childhood Brasil.

Fonte: Yuri Kiddo, da Pró-Menino, da Fundação Telefônica-Vivo – Portal Aprendiz

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Aula por Skype: ferramenta está sendo usada de alunos de inglês a engenheiros da Nasa

Mais conhecido por baratear ligações e facilitar videoconferências, o Skype não está restrito a esse serviço. Desde 2011, a ferramenta Skype in the Classroom (Skype na Sala de Aula) promove a troca de experiências entre educadores e alunos do mundo todo. Na lista de usuários há de estudantes de inglês a engenheiros da Nasa (agência espacial americana).
 
O Skype na Sala de Aula é uma experiência do chamado `crowdlearning`. No caso dos estudantes, a ferramenta possibilita bate-papos com estrangeiros, que são convidados para dar conferências, sem saírem da classe. De quebra, exige-se dos alunos conhecimentos tanto orais quanto de escrita em inglês ou de outro idioma disponível.

A recente adesão ao Skype na Sala de Aula é da Nasa. No lugar do professor tradicional, são os especialistas e os engenheiros da agência espacial americana que explicam como funciona o universo.

A iniciativa, chamada de Nasa Digital Learning Networking, dá preferência a escolas americanas, mas as internacionais podem participar desde que tenham parceria com alguma instituição daquele país.

Além da Nasa, a Microsoft, a Penguin Books, a Peace on Day Education e o Museu de Ciências de Londres são também parceiros do `Skype in the Classroom`, além de outras instituções.

Os temas são interessantes e focam assuntos gerais, como o aquecimento mundial, e temas que fazem parte do cotidiano da escola, como a merenda, os clubes de leitura em inglês e as aulas de espanhol.

No Brasil

Educadoras da Cultura Inglesa, unidade em Petrópolis (RJ), já testaram o Skype na Sala de Aula. A rede aposta no projeto Digital Integration, que utiliza recursos digitais para ampliar a vivência do idioma.

“O uso do sistema proporciona aos estudantes uma oportunidade de desenvolvimento linguístico para além das quatro paredes da sala de aula”, comenta a diretor-superintendente da Cultura Inglesa, Maria Lucia Willemsens.

O grupo já conversou, por videoconferência, com alunos de escolas dos EUA e do Canadá, compartilhando histórias sobre a rotina de estudos, hábitos de vida e culturas diferentes. Tudo, claro, em inglês.

Hoje os educadores que integram a rede social – a participação brasileira ainda é baixa – ultrapassam os 4 mil. São eles que postam as mais de 2.300 lições disponíveis.

Há também muita iniciativa solitária que não emplaca. Para driblar esse problema, o site indica a quanto andas o interesse geral (adesões de usuários) de uma aula ou grupo de discussão. E a busca de usuários é feita por filtro por faixa etária (dos três anos em diante), idioma ou áreas de interesse.

Como a ideia é agregar os quatro pontos do planeta, existe até uma versão atualizada do Penpal, a rede para fazer amigos fora do Brasil que, bem antes de a internet surgir, conectava brasileiros a estrangeiros por meio de cartas enviadas pelo correio.

Para acessar o Skype na Sala de Aula, basta entrar no site education.skype.com e se logar com a conta tradicional do Skype.

Fonte: Uol Educação, por Cláudia Emi Izumi

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

'País sai derrotado', diz especialista sobre veto a 100% dos royalties do petróleo para educação

A Câmara aprovou nesta terça-feira, 6 de novembro, o texto-base do Senado sobre o projeto que muda a distribuição dos royalties do petróleo. Foram 286 votos a favor e 124 contrários. Com isso, o texto segue agora para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
 
O projeto do Senado, de autoria de Vital do Rêgo (PMDB-PB), diferente da proposta derrotada em plenário, de Carlos Zarattini (PT-SP), não traz vinculação de áreas em que os recursos devem ser gastos. Zarattini defendia que a totalidade da receita com royalties do governo federal, Estados e municípios teria de ser aplicada em educação.

`O País sai derrotado dessa luta`, avalia Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. `O repasse das receitas dos royalties era uma das alternativas mais promissoras para a destinação de 10% do PIB para educação`, afirma, referindo-se à meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado na Câmara em julho deste ano. O porcentual é quase o dobro do que é aplicado atualmente em educação no País.

Pela manhã, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, esteve na Câmara para defender a destinação integral dos recursos do pré-sal à educação pública. “O Brasil tem de aproveitar um dinheiro que nunca foi repartido para eleger uma prioridade, e a prioridade das prioridades é a educação”, disse na ocasião.

Mercadante afirmou ainda que a educação é a base de todo desenvolvimento do País. “Se nós não distribuirmos educação, dermos a mesma oportunidade, não vamos resolver o principal problema do desenvolvimento do Brasil”, disse. “Ciência e tecnologia dependem da educação; defesa depende da educação; saúde depende da educação.”

Diante da derrota, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação deve trabalhar junto aos parlamentares que votaram pela aprovação do texto do Senado e também com o governo federal. A expectativa é de que a presidente vete o texto.

Fonte: Estadão.edu – O Estado de São Paulo